segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Terceira Carta Aberta dirigida à Comunidade do IEL

MAIS UMA SEMANA DE CONVERSAS E DEBATE COM MEMBROS DA COMUNIDADE DO IEL

Wilmar D´Angelis e Edwiges Morato

"Sem esperança não surge o inesperado" (Murilo Mendes) 

1. ENCONTRO COM DOCENTES DO DTL

No dia 11 de novembro, estivemos reunidos com docentes do Departamento de Teoria Literária. Saudamos a iniciativa dos colegas desse Departamento, que por vocação e disciplina universitária souberam reconhecer de maneira civil e institucional a existência de duas chapas e promoveram o debate, convidando ambas para exposição e discussão de suas idéias.
No encontro, reiteramos que nossa candidatura reconhece de maneira madura e democrática a existência de divergências no interior dos departamentos e entre os departamentos. O reconhecimento das diferenças é fundamental para o equilíbrio de forças e o enriquecimento e possibilidade do avanço democrático no IEL. A aberta exposição das divergências é critério de lealdade na luta. Assim, reiteramos que, de forma alguma, nós, docentes à frente da chapa alternativa, defendemos a supremacia de um departamento sobre outro – ainda que sejamos do mais numeroso Departamento do IEL – o de Lingüística – ou por este motivo mesmo.
Assim como defendemos um projeto para o IEL como um todo, deploramos toda e qualquer prática que busque estabelecer hegemonia ou controle: no interior de qualquer departamento do Instituto o equilíbrio entre áreas é necessário e desejável, sob o risco de deixarmos sucumbir a interesses espúrios qualquer projeto concreto de excelência acadêmica.
Queremos aprofundar e fortalecer um projeto amplo e integrado de instituto, o que passa pelo fortalecimento de todos os departamentos e setores acadêmico-administrativos.
Assim, somos mobilizados pela defesa da universidade pública e das Humanidades, pelo diálogo entre áreas neste campo, por um IEL não-fragmentado, crítico e democrático.

Nossos compromissos mais gerais podem ser resumidos nos seguintes pontos:

·         Aprofundamento da transparência e da coordenação da agenda política, acadêmica e administrativa do Instituto.
·         Maior fortalecimento das instâncias institucionais;
·         Ampliação de canais de interlocução;

Estas ações certamente agregarão qualidades à interação da Direção com outras Unidades e com a administração superior da Universidade, bem como com os organismos ligados à vida acadêmica.

 Compromissos e propostas que surgiram desse encontro

q      Compromisso com um projeto para o Instituto, e não com um projeto de um departamento ou de um grupo político sobre outros. Neste sentido, apontamos como corrosivas para a vida acadêmica certas práticas que têm sido constantes no IEL, como as que promovem o desequilíbrio e o enfraquecimento de departamentos e áreas por meio, por exemplo, de distribuição desigual e injustificada de vagas docentes;
q      Compromisso com uma gestão compartilhada da vida acadêmico-administrativa do Instituto, na qual devem figurar representantes de todos os departamentos;
q      Incentivo às discussões de ações que levem à autonomização das áreas (Letras e Linguística) junto a Capes, de modo a fortalecê-las e dar a elas a visibilidade que devem ter no cenário da ciência nacional e internacional;
q     Incentivo à interlocução aberta e franca entre os departamentos. Assim, não ficaremos, enquanto Instituto, enfraquecidos pela falta de informação e debate entre nós em relação a temas candentes no cenário da agenda universitária nacional e internacional relativas à Pesquisa, ao Ensino e à Extensão.
q      Incentivo à discussão sobre a necessidade de uma revisão curricular da graduação;
q      Construção de uma agenda política do Instituto para a área de Extensão Universitária; 
q      Desenvolvimento de instrumentos e meios para conferir maior visibilidade aos grupos e centros de pesquisa do Instituto

Pretendemos que essas e outras questões, como a relação Universidade/Sociedade, sejam amplamente discutidas pela comunidade acadêmica, a fim de que aumente entre nós a percepção dos problemas e desafios presentes e futuros que se apresentam para a Universidade pública brasileira,

2. EXPOSIÇÃO DE PLANOS E CONVERSA COM OS SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS

Após a reunião geral com os servidores técnico-administrativos do Instituto, em 5 de novembro, estivemos durante a última semana em reunião com os vários setores do IEL, quando discutimos sobre a realidade administrativa caso a caso. Esta agenda terá sequência ainda esta semana.
Podemos levantar aqui alguns pontos que ficaram mais definidos como resultado de nossas conversas e reflexões sobre as condições materiais e humanas de nosso Instituto, assim como de nossa Universidade. Aproveitamos para agradecer a todos por jogarem o jogo democrático ao reservarem um tempo para que, juntos, pudéssemos conhecer mais profundamente a dinâmica e as demandas dos vários setores.

Compromissos e propostas que surgiram desse encontro

q       Transparência e posicionamento democrático da Direção quanto aos cargos administrativos de chefia e quanto aos sistemas de avaliação funcional, de modo a envolver de forma concreta a participação de funcionários nas decisões relativas às funções e responsabilidades desses cargos;
q    Transparência e posicionamento democrático da Direção quanto aos sistemas de avaliação funcional, cujas comissões devem ser compostas por eleitos;
q       Maior visibilidade e integração das ações e setores do IEL, dando um maior sentido social a eles e combatendo, assim, a fragmentação do trabalho coletivo e a desconexão entre a atividade administrativa e vida universitária.
q       Priorização de ações voltadas à reposição do quadro funcional e à solução para as consequências da terceirização de vários setores da Universidade;
q      Estímulo, criação de condições e apoio financeiro à participação de servidores técnico-administrativos em cursos de formação.
q      Realização de reuniões periódicas da Direção com o quadro dos servidores, encerrando-se uma quase tradição de promessas desta natureza não cumpridas.

Uma candidatura independente e alternativa: ganhos já obtidos

A existência de nossa chapa tem feito com que haja de fato uma campanha eleitoral, agregando desse modo importância à opinião de funcionários, alunos e professores alijados do processo de escolha da direção do IEL. Sem o surgimento de nossa chapa não haveria uma escolha de nova direção, mas apenas um referendo a uma nebulosa escolha prévia de gestores do IEL.
Entre outros ganhos trazidos para a comunidade do IEL pelo simples lançamento de nossa chapa está a exigência de que a outra chapa se apresente abertamente aos membros desta comunidade, expondo seu modo de ser e de agir ao juízo de todos. Para surpresa de não poucos, substituímos um ato de entronização por um processo democrático. Com nossa atitude mostramos que não é decoroso banalizar o sentido da palavra democracia ao apenas enunciá-la (democracia é uma prática, e prática cotidiana e regular!).
Basta termos criado uma campanha eleitoral aberta – basta isso - para que nossa chapa já possa ser considerada vitoriosa. A simples existência de uma chapa alternativa – que ousa se apresentar em nome da liberdade de escolha e de um sentido de futuro diferente para o Instituto – é um enorme ganho para a comunidade do IEL, que, de outra forma, assistiria à sucessão da direção como a um fato que não lhe dissesse respeito. Como quem não tem outra saída.

A candidatura nas redes sociais:

Cordialmente,
Wilmar e Edwiges,  professores do IEL.

Um comentário:

  1. Parabéns, a carta está num nível elevadíssimo. É com orgulho que voto na melhor chapa para dirigir o IEL.

    Wilmar, Dudu, este projeto nosso, esta clareza, franqueza, esta profunda visão de democracia é o que a comunidade e o IEL precisam para contribuírem muito mais para a defesa de uma Unicamp onde a diversidade, o bom debate, a excelência e o caráter público prevaleçam como valores maiores de nossa instituição.

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