segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Carta-programa de apresentação de candidatura à Direção do IEL

Sem esperança não surge o inesperado.
(Murilo Mendes)
Por uma gestão independente e participativa!

            Esta não é uma carta-programa convencional. Não temos aqui o objetivo de apresentar uma (pré)análise fechada e um conjunto de propostas e promessas dela derivadas em torno de todos os aspectos estruturais, organizacionais e políticos de nosso Instituto. Com o lançamento de uma candidatura alternativa e independente pretendemos, a partir das próximas semanas, ouvir e discutir esses e outros aspectos com todos aqueles da comunidade do IEL – professores, funcionários e alunos – que se dispuserem a se engajar em uma forma diferente, isto é, coletiva e participativa, de gestão acadêmico-administrativa do Instituto.
            A partir dessa perspectiva, e levando em conta que é crescente entre nós a vontade de maior participação coletiva nos assuntos do IEL, tomamos a iniciativa de lançar essa que é uma candidatura alternativa, não forjada no contexto de um pensamento supostamente consensual. Consenso, a propósito, parece-nos mais um resultado do que um antecedente das práticas humanas.
            Assim, a favor de uma maior discussão democrática entre nós, lançamos uma candidatura que procura resgatar o debate, melhorar a qualidade das relações humanas, combater o absenteísmo, preservar e ampliar ganhos acadêmicos e políticos, estimular a participação ampla na gestão, fortalecer a defesa da universidade pública.


O sentido de uma candidatura alternativa à Direção do IEL
           
                        O lançamento de uma candidatura alternativa busca mobilizar e fazer rebrotar esperanças nos atores que constituem a comunidade do IEL: de um lado, os funcionários e estudantes, em grande número descontentes e alijados dos processos de decisão e de efetiva participação no encaminhamento dos rumos do Instituto; de outro lado, os docentes que se sentem desconfortáveis com a acomodação e a burocratização das relações intra-institucionais. Nossa candidatura alternativa também deseja abrir espaços novos de diálogo e interação entre estudantes, funcionários e professores, pautados pela reflexão sobre os rumos da Universidade.
                        E, como candidatura independente, queremos renovar as esperanças de todos aqueles que, como nós, desejam uma Direção do IEL politicamente mais ativa e de maior expressão no cenário da Universidade, a somar-se com as forças e vozes que ininterruptamente, há décadas, buscam fazer a Unicamp mais democrática.
            Uma candidatura alternativa é uma candidatura não comprometida com o regime de alianças que tende a perpetuar, no IEL, modos de fazer e de pensar. Nossa candidatura alternativa busca desafiar as pessoas a pensar o Instituto de outras perspectivas, a encarar a possibilidade de refazer, de forma inovadora e melhor, aquilo que hoje se mantém pelo hábito. Nossa candidatura independente quer alimentar, no Instituto, o sentimento de que o mundo (ou esta nossa pequena parte do mundo) não está dado e pronto para o fim dos tempos, de que sempre é possível (e desejável) recomeçar e fazer melhor.   
            Uma candidatura alternativa independente é a melhor possibilidade de darmos um passo adiante, no IEL, na direção de novas formas de relacionamento e co-gestão, pela qual muitos se têm empenhado. Por isso elegemos uma agenda de questões que envolvem a gestão mais coletiva do Instituto, a busca de maior participação dos diversos setores e segmentos do IEL, a criação de canais e espaços mais favorecedores de diálogo e negociação dos distintos interesses e das distintas percepções das suas necessidades e urgências


O que poderemos renovar, com uma Direção independente no IEL

            Uma Direção independente abre-nos a possibilidade de criar, desenvolver e experimentar formas participativas de gestão democrática da vida acadêmica, que vão muito além das formas regimentais cristalizadas hoje em uso. Estas, se são obviamente organismos administrativos essenciais ao funcionamento da Universidade, podem se transformar em instâncias gestoras efetivamente públicas, oxigenadas por formas democráticas participativas que tenham o poder de envolver todos os que integram a comunidade do IEL, em especial os que se encontram mais distanciados de sua vida administrativa, como a juventude estudantil desejosa de experimentar a gestão e prática pública e política que vai formá-la para o futuro. Esquecer esse papel formador da Universidade, e entender o IEL como lugar de formar tecnicamente profissionais para o mercado ou para uma elite intelectual é por demais empobrecedor.
             Uma Direção independente, ao lado de priorizar a gestão pública de bens públicos, deverá dar atenção a todas as pessoas, incentivando o engajamento pessoal nos assuntos do IEL e da Universidade, explorando o sentido e o sentimento de participação nos integrantes da comunidade acadêmica, de suas qualidades e aptidões para contribuir às ações do Instituto (no ensino, na pesquisa e na extensão). Uma gestão independente só vale a pena se for para conquistar mais democracia, mais respeito e mais interesse entre as pessoas, suas ideias e ações.

 Linhas gerais de ação de uma Direção Independente

            - Fortalecimento das instâncias mediadoras internas do Instituto, respeitando e fortalecendo as existentes, criando e estimulando o surgimento de outros espaços e meios de reflexão e de ação, como assembléias, colóquios internos que envolvam todos os setores e segmentos do Instituto, e maior interação horizontal entre os Departamentos.
            - Transparência com respeito às formas de tomada de decisão e com relação aos recursos orçamentários e sua aplicação.
            - Incentivo a um pensamento integrado e crítico em relação às atividades-fim da Universidade (Ensino, Pesquisa e Extensão).
            - Restabelecimento de uma Comunidade Acadêmica, em que funcionários e estudantes não sejam meros figurantes ou coadjuvantes dos docentes-pesquisadores.

   Algumas palavras finais sobre nossas convicções

            A gestão administrativa é um dos aspectos da vida universitária. Não está separada dela a não ser em contextos de ampla despolitização, autoritarismo e indiferença. Ela, então, deve vincular-se de maneira importante à forma pela qual se concebe a Universidade e a vida funcional (docente, funcionário, estudante).
            Pensar coletivamente não é, naturalmente, pensar o mesmo, ou pensar o único. É pensar no contexto de uma tensão democrática entre convergência e divergência.
            Espírito crítico e independência são qualidades que invariavelmente relacionamos quando descrevemos, nos nossos documentos, as tarefas da Universidade na formação das novas gerações, e o perfil dos nossos formandos. São essas mesmas qualidades que estamos convocando, de todos, para experimentarmos, coletivamente, em diálogo franco e colaborativo, a gestão do IEL pelos próximos anos.


                                                                                                Campinas, 22 de outubro de 2010





Profs. Drs. Wilmar da Rocha D'Angelis e Edwiges Maria Morato

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